terça, 05 de novembro / 2024

Trabalho investigou o nível de habilidade de alunos e professores do ensino médio em identificar desinformação.

 

A pesquisa intitulada “Literacias e educação midiática: a identificação de desinformação por alunos e professores” foi eleita como o melhor trabalho, na área de Ciências Sociais Aplicadas, do 32º Seminário de Iniciação Científica, Tecnologia e Inovação da PUC Minas.

Desenvolvido pela publicitária recém formada pela PUC Minas Poços de Caldas, Ariely Masetti Mafra, o projeto foi elaborado pelo Prof. Dr. Adinan Nogueira, dos Cursos de Publicidade e Propaganda e Administração do Campus, em conjunto com o pesquisador da UFMG e jornalista da PUC Minas Poços de Caldas, Diego de Deus.

 

 

A pesquisa teve o objetivo de analisar o nível de habilidade que professores e alunos do ensino médio, de escolas públicas e privadas, do Sul de Minas e Leste Paulista, possuem em identificar conteúdos potencialmente desinformativos. No total, 294 alunos participaram do estudo, além de 34 professores de oito cidades.

Para a execução do trabalho, os investigadores elaboraram um procedimento metodológico pautado em três etapas:

  • Primeiro, foi apresentada uma gama de vídeos e notícias – entre verdadeiras, falsas, satíricas ou descontextualizadas – a alunos e professores que participaram do experimento. Depois de terem acesso ao material, os participantes categorizaram como verdadeiro ou falso as informações apresentadas.
  • Posteriormente, os mesmos participantes assistiram a uma série de vídeos de teor educativo relacionados à desinformação. Por exemplo: principais tipos de conteúdos desinformativos; como identificar uma desinformação; a relevância da educação midiática como combate à desinformação; o trabalho das agências de checagem etc. Estes vídeos foram produzidos pela agência publicitária experimental Helvética e gravados em formato de mesacast pelo Laboratório de Comunicação da PUC Minas Poços de Caldas.
  • No último estágio, os mesmos participantes categorizaram, da mesma forma em relação à primeira fase, outra série de vídeos e notícias – entre verdadeiras, falsas, satíricas e/ou descontextualizadas. O intuito foi comparar o aproveitamento entre os dois estágios a fim de analisar se o contato com o conteúdo educativo foi eficaz em ajudar os participantes a identificar conteúdos desinformativos.

Como parâmetro metodológico de resultados, a equipe de pesquisadores também lançou mão de um grupo controle. Neste grupo, 40 alunos participaram da última fase sem assistir aos vídeos educativos.

Inicialmente, 43,2% dos estudantes identificaram a notícia verdadeira como verdadeira. Em relação às notícias falsas, a porcentagem de identificação como falsa variou de 54,1% a 86,7%. Entre os professores, a porcentagem de acertos quanto a veracidade da notícia verdadeira apresentada, foi de 41,2%. Quanto às porcentagens de acerto nas fake news variou de 58,8% a 88,2%,

Após o contato com o conteúdo educativo, 56,7% dos estudantes acertaram a veracidade da notícia verdadeira. Em relação à identificação das notícias falsas, a porcentagem de acertos variou de 72,2% a 91,4%. Por parte dos professores, A porcentagem de acertos quanto a veracidade da notícia verdadeira foi de 57,1%. Já com relação às fake news, a porcentagem de acertos variou de 71,4% a 100,0%

Quando analisados os resultados obtidos por meio do grupo de controle, os pesquisadores observaram um aproveitamento semelhante entre aqueles que assistiram aos vídeos e aqueles que não assistiram. Conforme os investigadores, este achado sugere que a simples exposição ao conteúdo educativo pode não ser determinante o suficiente para modificar comportamentos, especialmente quando os participantes estão cientes de que estão sendo avaliados. Ainda segundo a equipe, a intervenção pode ser vista como um ponto de partida promissor para iniciativas mais abrangentes e complexas.

“Realizar essa pesquisa foi um grande marco na minha jornada acadêmica, pois pude participar de um projeto que realmente impacta nosso cenário atual, onde a desinformação é uma ameaça à democracia e a crítica construtiva se destaca como uma ferramenta indispensável. Um dos principais aprendizados que gostaria de compartilhar é a importância da colaboração. Trabalhar em equipe foi essencial para a troca de ideias e superação de obstáculos. Cada membro trouxe uma perspectiva única, enriquecendo o desenvolvimento do projeto, seja por meio da orientação, das discussões ou da contribuição dos voluntários e participantes. A transformação proporcionada pela ciência ocorre quando nos envolvemos de fato com a comunidade e entendemos, de forma empática, seu funcionamento”, declara Ariely, bolsista do projeto.

“Trata-se de um assunto de extrema relevância no cenário contemporâneo; a desinformação, mas, sobretudo, por apontar soluções capazes de mitigar os efeitos práticos deste fenômeno por meio de ações voltadas à educação midiática. É uma temática que atravessou minha iniciação científica, quando fui orientado, inclusive, pelo professor Adinan; pelo meu Trabalho de Conclusão de Curso; pela minha pesquisa de mestrado e atual projeto de doutorado”, conta Diego de Deus.

Para o professor Adinan Nogueira, a pesquisa se diferencia pelo impacto social pretendido e alcançado. “O trabalho contribui para compreendermos, na prática, o que pode ou não dar certo para combater a desinformação. Os resultados obtidos permitem demonstrar a dificuldade de lidar com um problema tão complexo, seja para o Estado, Instituições ou para organizações de qualquer natureza. Mas, também, o quanto precisamos trabalhar com Comunicação na Educação para resolver problemas tão urgentes”, acrescenta o professor Adinan Nogueira.

 

A história da pesquisa

O projeto foi desenvolvido pelo professor Adinan Nogueira e pelo pesquisador e assessor de imprensa do Campus Poços de Caldas, Diego de Deus, no final de 2022. Na ocasião, o projeto foi aprovado pelo Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP) e Ariely, à época no sexto período do Curso de Publicidade e Propaganda, foi contemplada pela bolsa.

O trabalho foi desenvolvido ao longo de 2023 e finalizado em janeiro de 2024. Em julho deste ano, a pesquisa foi apresentada no X Fórum de Iniciação Científica e VII Mostra de Extensão, realizado pela PUC Minas Poços de Caldas. O trabalho foi selecionado para participar do 32º Seminário de Iniciação Científica, Tecnologia e Inovação da PUC Minas, que ocorreu na última semana, em Belo Horizonte, quando ficou em primeiro lugar na área de Ciências Sociais Aplicadas.

 

Próximos passos

A pesquisa está em fase de publicação pela Revista Latinoamericana de Comunicación, conceituado periódico latino-americano e, em breve, poderá ser lida na íntegra.

 

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